segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

Mil cores

Queria poder pintar o teu cinzento com as mil cores que invento nos meus dias. À força de insistir nos tons alegres, os olhos habituam-se à luz e fogem do escuro em busca da alegria. Queria tanto ensinar-te a ser feliz. Ternura que surpreende num olhar que fica. Tempo passado, perdido à luz da razão, cinzenta e triste. E sempre esta ternura que não parte mesmo assim, sem saber, presa e perdida no rasto da esperança que se foi. Criança que se aninha junto à mãe e fecha os olhos, sem pressa de crescer. Luz que chega e mostra mil cores de um só dia apenas num instante. Fogo de artifício que se solta em cor dentro de mim, transborda dos meus olhos até tocar os teus. No instante em que te vejo. Para te ensinar a ser feliz. Para sempre. Perto de ti.

sábado, 19 de dezembro de 2009

Será?

Por vezes penso, mas não te digo… o que sentirás quando eu me for? Quando não te encontrares mais no que eu escrevo e sentires que o teu lugar em mim se foi?
O que farás então? Será que me verás na face de outra mulher e pensarás mil vezes em sobressalto que me encontras entre a multidão? Será que gritarás o meu nome por engano sem saberes? Será?
Ou será que deixarás de me lembrar muito antes de me esqueceres, apagando cada momento nosso um a um, para negares que me tiveste e que, sem querer, me deixaste partir, sem sequer saberes porquê… e depois, nesse dia, farás o quê?

domingo, 6 de dezembro de 2009

Gaivota ao pôr-do-sol


Fico por vezes suspensa… entre o ser e o estar, entre o sentir e o esquecer, entre o sonho e o desencanto, algures num espaço infinito, onde apenas consigo pairar, esboçar gestos, aflorar sensações, respirar apenas, esquecer ambições, como as gaivotas abrir as minhas asas e encher os meus olhos de mar e colorir o meu mundo com as cores de um pôr-do-sol de despedida.
Entre os meus voos de mar vejo em sonhos a onda maior que teima em passar e varrer o meu mundo. Lembro-me de pensar que é altura de existir apenas, sem lutar, respirar baixinho, vendo os dias passar apenas, suspensa, talvez iluda a tristeza que só nos chega quando perdemos a capacidade de sonhar e de esperar por nós.
E assim entre o ser e o não ser, entre o sentir e o esquecer, um carinho teu é o que me faz regressar à vida, pousar os pés de novo na areia, enfrentar a onda maior e salvar o meu mundo.
E estejas perto ou longe de mim, ambos sabemos bem, que isto de ser ou de haver alguém que nos faz seus, não é decisão que nos caiba a nós tomar. É tão só apenas o que nos faz regressar e acreditar que por maior que o voo seja, haverá sempre alguém com um carinho à nossa espera.