domingo, 10 de janeiro de 2010

Onde estás?

Frio. Silêncio. O mar está tão calmo que parece que toda a tormenta se refugiou em mim. O azul foge, quase cinzento, límpido e brilhante mas tão escuro nos meus olhos. Hoje o mar não me invade nem me chega. Sou areia que se escoa e se perde por entre os dedos da vida, não resisto, não vivo, não quero, não sou.
Esperei em vão. Por ti. Onde estás? Que vida é essa que é tão pequena em ti? Perdes os dias, perdes o tempo e o amor. Perdes-me a mim. E eu paro na vida e espero. Espero por ti. Até um dia, que eu acreditei ser para sempre, mas não foi.
E tu não vens. Tento acordar para mim, tão esquecida do que sou, perdida do que quero ser. Mal me conheço já. À força de querer chegar perto de ti, fui-me afastando de mim e agora encontro-me longe de mim e sem saber de ti. Onde estás?
A mágoa espalha-se, sorrateira, chega e não desiste. Pouco a pouco toma conta do tempo e pinta o sentir com cores diluentes que tudo apagam, menos a dor. Tudo escurece, até o mar sob uma lua cheia tornada de repente lua nova.
Olho para ti, adivinho os teus olhos, a tua boca, as tuas mãos, mas a mágoa não deixa que te veja. Tento ainda arrancá-la de mim para te ver, mas não consigo.
Perdi-me de ti, perdi-me de mim, morreu a esperança. Ficou a mágoa e o silêncio em mim. Onde estás?

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