sábado, 26 de setembro de 2009

Fecho os olhos

És luz involuntária e absoluta que me invade e perfura cada poro até iluminar e desvendar todos os meus becos esconsos, escuros e escondidos em mim.
Fecho todas as portas, as janelas, corro os cortinados mais pesados, tapo cada ranhura, numa tentativa vã de não te deixar entrar. Quero preservar o meu lado escuro onde me posso fechar incólume e cultivar a indiferença de que preciso para sobreviver sem dor.
Mas mesmo sem quereres, tu alcanças-me e preenches todos os meus espaços, escancaras as minhas verdades em troca do teu imenso vazio, num jogo sem lei onde eu sei, sou sempre perdedora.
E é tal a tua luz que me faz transparente, trespassada por mil sóis que me cegam apesar de tão distantes. Mas eu sei que a tua luz ilumina mas não aquece. Tem brilho, mas não resplandece, fere, dói e faz chorar.
E eu fecho os olhos com força, não sei se para te impedir de me chegares, se para não te perder, impedindo-te de sair de vez de dentro de mim.

Sem comentários:

Enviar um comentário