terça-feira, 18 de agosto de 2009

Caminhos

Entro no carro e sigo sem destino. Estradas que ainda não percorri chamam por mim. Outros as conhecem de todos os dias talvez. Eu não. Hoje quero uma estrada nova que se rasgue e se mostre e me deixe acreditar em caminhos ainda por descobrir. Do nada um caminho novo que surja e se faça escolha. Hoje procuro, mas não quero encontrar. Ainda não. Hoje não. Quero apenas sentir a procura e esperar pelo encontro de uma estrada nova por descobrir.
Outros caminhos me trouxeram aqui. Tantos caminhos, tantas escolhas, virar à direita ou à esquerda, seguir em frente, mas nunca parar. Onde estão os caminhos que me deixaram aqui? Que escolhas certas e erradas me levaram ao início desta estrada que eu não quero ainda conhecer mas já vejo diante de mim? Se ali atrás tivesse seguido em frente em vez de virar à direita onde estaria eu agora? O que haveria lá para mim e em que pessoa me teria eu tornado? Como saber onde e quando escolhi o que sou, o que quero e não quero, o que procuro por fim? Que caminhos fiz afinal? Quais os certos e em quais deles me perdi?
Lembro-me de tantos, tantos me pareceram iguais e me confundiram com as suas diferenças. Tantos me pareceram amenos, caminhos já trilhados e experimentados por outros, com certificado de qualidade, caminhos seguros e sem surpresas e que afinal se mostraram vazios e sem sentido. E me obrigaram a regressar já cansada da viagem, exausta em caminhos tornados labirintos sem sentido onde me perdi. Nessas alturas em que por falta de coragem de me aventurar por caminhos a desbravar, me deixei guiar por caminhos certos e bem sinalizados, mas tão sombrios e sem qualquer forma de vida. E em tantos outros, aqueles que descobri em esboço ainda antes de serem caminhos, aqueles que eu abri em mim à força de arranhões e tropeções, arriscando chegar a um desfiladeiro sem saída ou a um abismo sem fundo, eu me senti tão feliz, apesar das dores das feridas e dos arranhões profundos, apenas pela descoberta e pela coragem de ter seguido em frente, na minha escolha, no meu caminho a descobrir, por mim feito meu.
E assim cheguei aqui. No prazer da estrada não me importa agora o destino. Esse seja o que quiser, não é a chegada que me move e me faz desejar partir. Desde que a estrada seja minha e escolhida por mim eu posso fazer caminho. Mas hoje não. Hoje ainda não. Espero um sinal que me há-de chegar. Quando o coração bater mais forte. Na busca dessa estrada, só ele saberá sempre qual o melhor caminho.

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