sábado, 1 de agosto de 2009

Idades


Ontem passou mais um ano sobre o dia em que nasci. Esse contar do tempo de uma vida assim em anos sempre me estranhou. Não convivo bem com esse espartilhar de uma vida em tempo que eu só sei medir em momentos, que valem pelo que marcam e não pelo tempo que duram. Nasce-se e morre-se num segundo e entre esses dois segundos vive-se uma vida. O que fazer dessa vida entre um segundo e o outro senão vivê-la? O que importa em quanto tempo se viveu, senão o que se viveu? O que importa se vivemos mais um ou menos dez anos, se nada fizermos com esse tempo que nos é dado para viver?
Não gosto de classificar as pessoas. Nem em anos, nem em raças nem em credos. Prefiro classificá-las pelo modo como estão na minha vida e como eu estou na vida delas. É infinitamente mais simples ver com o coração do que com os olhos, basta sentir, mesmo de olhos fechados sabemos.
As pessoas não são lineares nem óbvias, por isso são fascinantes. A capacidade de cada um de nós de se transformar, de se superar, de lutar, de sonhar e de desejar marca-nos de modo diferente em ocasiões diferentes. Houve momentos em que me senti mais jovem mas menos madura, confiante e segura de mim, assim como houve outros em que me senti infinitamente mais velha, mais desanimada e conformada e isso mais não são do que estados de espírito que eu não consigo traduzir medidos em anos de vida nem localizar em idades, mas sim em sentimentos de esperança, vontade e felicidade. Há momentos em que me sinto uma criança em início de vida e noutros sinto em mim o peso da idade do mundo. E não serei a única a sentir-me assim certamente.
Tudo parte de uma atitude, neste caso a idade de cada pessoa é a idade da sua atitude perante a vida. É essa atitude que marca os momentos de uma vida, que afasta rugas e deixa o eterno brilho da juventude em cada um de nós. Quando olho para uma pessoa o que eu procuro ver nela é a felicidade e não a condenação do tempo que sem se saber bem porquê julga que uma pessoa saudável e autónoma pode ser demasiado nova ou demasiado velha seja para o que for. Muito menos para ser feliz.

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